domingo, 25 de dezembro de 2011

Neste Natal, uma mensagem...


Navegar é Preciso


Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:


"Navegar é preciso; viver não é preciso".


Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:


Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.


Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.


Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.


É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.


Fernando Pessoa

Fonte: http://www.secrel.com.br/jpoesia/fpesso.html


[Nota de SF "Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu]


25 de dezembro. Natal! Uma data tão comemorada no mundo inteiro. Uma data tão expressiva por vários motivos, para mim, não tem seu significado na história, nos símbolos e nem na religião. Está na união da família. Seja qual for o motivo, nesta data a família se reúne. Quando meu avô era vivo, ele era o Natal. Dele vinha a alegria, a festa, a árvore, a expectativa e o motivo de tudo: reunir todos em volta da mesa, momento de conversar, de rir, presentear. 


E por falar em presentes, o natal de 1984 foi inesquecível. O ano eu não lembrava, mas a minha idade na época ajudou a resgatar este número. Foi o primeiro ano que tive "meu" dinheiro. Fiz e vendi, junto com a minha mãe, brincos, enfeites de cabelo e broches, tudo feito com fitas de cetim. E aí, com orgulho, juntei todo o dinheiro que ganhei para comprar presentes para toda a família.


Lembro que fui a uma pequena loja na 106 Sul e levei uma tarde inteira escolhendo as "lembrancinhas". Afinal, tinha que calcular muito bem o valor de tudo para que o dinheiro fosse suficiente para comprar para todos da lista. Eu tinha uma lista! Ela foi feita em um dos meus caderninhos de notas. Nesta época eu tinha vários, adorava anotar tudo. Nesta época? Engraçado!!!! Até hoje tenho muitos caderninhos e continuo anotando tudo. Algumas manias a gente não abandona, não é mesmo?


E lembro muito bem da expressão de satisfação do meu avô ao me ver tirando os pacotinhos de uma sacola e entregando um a um para cada membro da família. Todos riam, como se fosse algo tão grande quanto doar uma casa a desabrigados. E meu avó me olhava com satisfação, amor e orgulho. Sinto-me feliz ao lembrar disso. E emocionada! Reviver a lembrança da alegria do meu avô é algo inexplicável... Saudades de um natal que não volta mais!

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